sexta-feira, 11 de setembro de 2009

"A ética é um dos grandes temas da actualidade. Vive-se hoje a exigência da adopção de princípios éticos elevados e responsáveis nas mais variadas áreas (na Ciência, nos Negócios, na Política, nos Media…). Por nem sempre ser fácil aplicar os princípios éticos a casos específicos e por o certo e o errado estarem muitas vezes intrincados, torna-se necessário reflectir, debater, dialogar. Como tal, parece-me pertinente a iniciativa do blogue nfactos. Pela minha parte, procurarei dar um pequeno contributo para a discussão, respondendo ao desafio lançado e às questões que me foram colocadas.

O Homem é um animal ético. Como escrevem Camps e Giner, “sem normas morais é impossível conviver em paz”. A Política para além de ser uma actividade com natureza competitiva (tem como objecto a conquista e o exercício do poder) visa servir o bem comum. A ausência de moral na Política conduz-nos à doutrina preconizada por Maquiavel de que os fins justificam os meios. E, neste caso, quem perderia seria o povo. Ora, em Democracia, o Poder pertence ao Povo e não a quem exerce esse Poder (representante do Povo).
O princípio do respeito pela dignidade humana deve ser limite à actuação de qualquer político (à semelhança dos profissionais de áreas com dimensão social de serviço à comunidade, como médicos, enfermeiros, juízes, jornalistas, professores…). O civismo também. Respeitar os adversários parece-me uma regra elementar numa Democracia pluralista.

As campanhas eleitorais não podem ser intervalos morais, imorais ou amorais à actuação Política. São um período privilegiado de debate político, em que os cidadãos são chamados a escolher os melhores projectos, de acordo com ideias e valores. Publicitar vantagens de uma candidatura face à concorrência, não deve confundir-se com insultar. A agressividade é geralmente má conselheira. Pode gerar efeitos indesejados, como provocar repulsa no receptor ou tornar o visado em vítima. Os candidatos e os cidadãos só têm a ganhar com mensagens (argumentos, razões, ideias) assertivas.

Na minha perspectiva, especialmente no âmbito autárquico e salvo excepções, foram plantados de Norte a Sul cartazes pobres de conteúdo. Em muitos deles, não se vai além de mostrar a imagem do(s) candidato(s). Cartazes sem ideias e que se limitam a cumprir a função de gerar notoriedade são cartazes subaproveitados, ou seja representam desperdício de recursos escassos.

Bom senso e bom gosto é uma regra simples e que a ser usada evitaria alguns cartazes ineficazes ou desastrosos."

Suzana Cavaco, 
Prof.ª de Ética e Deontologia Profissional 
da Licenciatura em Ciências da Comunicação 
da Universidade do Porto

1 Comentário:

elmonline disse...

É uma pena que muitas vezes - ao contrário da publicidade comercial - os cartazes das campanhas politicas não contenham conteúdo esclarecedor, fazendo apenas apelo à notoriedade e imagem do candidato cabeça de lista. Ficam esquecidas as ideias, os projectos e as equipas.
Em alguns casos a falta de ética é levada ao extremo de apenas procurarem denegrir a imagem dos opositores.

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